Como referi no Capítulo anterior, ficou a CArt 3514
estacionada na margem esquerda do rio Luanguinga, permanecendo ali, durante uns
meses desde Abril do ano de 1972, até cerca do último quadrimestre daquele ano.
Por essa altura, foi o Comando da CArt transferido para umas instalações do
BCAv 3862(Cavalo Branco) , em Gago Coutinho, tendo ali permanecido uns poucos
meses. A nossa passagem deveu-se a que estávamos destinados a ir para um
acampamento que estava em construção na margem esquerda do rio Mussuma, mas
estudados os prós e os contras da proximidade entre Gago Coutinho e aquele rio,
que ficava a uns escassos dez quilómetros, que facilitariam em muito os
desenfianços do pessoal para a Vila, foi resolvido situar noutro local mais afastado o nosso
estacionamento. Até já tinha sido começada a terraplanagem e a construção das
barreiras de protecção do Acampamento, mas esses trabalhos foram suspensos e
iniciados noutro local mais afastado de Gago Coutinho e cuja localização foi
desviada para a Colina do Nengo, próxima do rio do mesmo nome e que ficava
distante da sede do BCav, cerca de trinta quilómetros. Enquanto se procedia à
terraplanagem, levantamento de barreiras e construção de instalações essenciais
para a vida da Companhia, permanecemos em Gago Coutinho uns meses, findo os
quais fomos instalar-nos no novo aquartelamento, situado na já citada Colina do
Nengo, onde permanecemos até ao final da sua missão de serviço em Angola.
Vista aérea do Quartel de Gago Coutinho |
Elísio Soares, "barista" da FAP e Botelho |
Aqui anexo uma imagem que foi captada no Bar do Destacamento da FAP, em Gago Coutinho,
depois de ter sido feita a autópsia , vestido o cadáver e colocados na urna os
respectivos documentos de identificação. Nela estão presentes eu e o 1º.Cabo
Socorrista Elísio Soares e estamos
a beber uma cerveja depois de feito o
trabalho funerário. O do meio é o “barista” da FAP, de quem não recordo o
nome. Isto foi em 24 de Agosto 72. Permanecemos
em Gago Coutinho, até pouco depois do Natal de 1972 e nos princípios de 1973,
estávamos a caminho da Colina do Nengo, cujos trabalhos de construção
estavam prestes a terminar e já tinha as necessárias instalações para a Secretaria, quartos para os Oficiais, para os 1ºs.Sargentos e camaratas para os Furriéis
Milicianos. Igualmente, foram construídos uma padaria com o seu forno, Cozinha para o Rancho Geral, Refeitório,
Cantina, Depósito de Géneros, Quartos para os Criptos e para as TRMs, Messe
para Oficiais e Sargentos, Depósitos de Material, Oficinas Auto e Quartos para
os CAR, tudo feito em construção expedita, pavimento de cimento, prumos verticais e
travejamento de madeira do mata, descascada, paredes laterais de chapas de
bidões de asfalto, abertos a talhadeira e “passados a ferro” pelos cilindros de
calcar a estrada. O tecto era de chapa de zinco ondulada. Tudo era isolado com
camadas de capim para isolamento do calor do sol e evitar que ficássemos
assados dentro de casas feitas de metal. Eram frescas durante o dia e quentes
durante as noites típicas de um ambiente
semi-desértico em que vivíamos.
O autor, na Sala do Bar da FAP |
Finalmente anexo aqui outra imagem, tirada na sala do Bar do Destacamento da FAP, com a típica decoração mural de todos os lugares
similares em que sejam, na sua maior
parte, rapazes novos e solteiros. Este “post” já está dentro dos limites
habituais e, por isso, vou encerrá-lo, enviando cordiais saudações a todos os
elementos da CArt 3514 e familiares, da CArt 2396 e CArt 785, assim como para
todos os eventuais visitantes deste Blogue, que se derem ao trabalho de me ler.
Para todos, um até breve, com um abraço do camarada e Amigo,
Octávio Botelho