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Carta da zona de acção do Sector I, sub-sector/BArt 786 e da CArt 785
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Ao fim da tarde, o nosso AGRC foi auto-transportado do Liberato para a Fazenda Vamba e dali, internou-se na mata, onde pernoitou, em acampamento expedito, sem montagem de barracas, protegendo-se cada um da humidade da noite com o poncho impermeável. Eu acomodei-me o melhor que pude, usando como almofada para descansar a cabeça, a minha mochila, ficando localizado no limite da mata, com uma enorme mancha de capim. Como estava cansado adormeci rapidamente e , de manhã, ao acordar e mexer-me para me levantar, sinto uma grande restolhada por entre o capim e vi, distintamente, uma enorme cobra, com cerca de um metro e meio a dois metros a serpentear pelo meio do capim, fugindo em grande velocidade. Perto de mim seguia um carregador nativo que me disse que a cobra tinha passado a noite aquecendo-se ao meu calor e que fugiu quando me mexi ao acordar. Considerei-me com bastante sorte em o animal me não ter pago a pernoita com uma boa ferrada!.. Iniciámos a progressão durante todo o dia e, pela tarde,ouviu-se uma rajada de metralhadora sem que tivesse havido contacto directo com o atirador.
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Mamba verde(Dendroaspis viridis) -(Venenosa) |
Passou-se a segunda noite e pela manhã, ouviram-se novamente tiros de metralhadora, à distância. Após algumas horas de progressão, houve um encontro com um dos outros AGRC. Constava no transparente(*) da operação a existência de um objectivo, que foi encontrado e destruído, tendo em seguida sido montadas emboscadas nas proximidades do objectivo destruído. Ouviram-se novas rajadas de metralhadora, sem que tivesse havido qualquer contacto com o IN. No dia seguinte, o AGR foi recolhido, regressando ao seu aquartelamento no Liberato. Eis aqui descrita de forma simples e sintética uma operação realizada nas espessuras florestais do Uíge, nas proximidades do Quitexe e na área precisa do rio Vamba que, se consultardes um bom mapa de Angola, podereis verificar que se trata de um dos afluentes do Rio Loge, que tem mais um afluente chamado rio Lué. Há dois sub-afluentes, sendo um chamado rio Calambinga, de cuja água bebemos durante o tempo de permanência no Liberato e cuja nascente é muito próxima de Santa Isabel e o outro chamado rio Luége, que nasce perto do Quitexe. O rio Loge desagua no Oceano Atlântico, nas proximidades da vila de Ambriz. Por hoje, acho que consegui dar um rumo diferente ao meu “post”. As mais cordiais saudações a quem visitar o Blogue e o ler. No próximo Capítulo tentarei manter esta nova linha e rumo. Até lá!...
Octávio Botelho
Nota do Editor:(*) Transparente, é um "croquis" feito por decalque de uma carta topográfica.