Decorridas que são quase três semanas de ausência destas
paragens que, a título de férias me souberam muito bem, já estava com saudades
de voltar para dar continuidade à missão a que me propus e ao mesmo tempo, voltar
ao vosso convívio para relembrarmos episódios ocorridos já há uns 40 anos de distância,
quando outras coisas que não as doenças e a idade nos apoquentavam. Mas, felizmente, foi
passado esse “cabo tormentoso”, cuja travessia não nos deixou marcas de maior,
graças à juventude, forças e saúde que, nessa época,
tínhamos em abundância e nos fizeram
passar incólumes por muitos transes e hoje, desse tempo tão distante, sentimos
até saudades, não da situação então vivida, que não foi nada grata para ninguém,
mas sim daquela juventude, força e saúde que hoje está tão mudada e
abalada(falo por mim) e ainda da unidade, convivência, amizade e camaradagem que, até
hoje, se encontra florescente e viva como naqueles dias que há tanto tempo se
passaram, sendo renovadas nos convívios que, anualmente e de há uns anos para cá, se vêm
realizando.
Acampamento e Aquartelamento do Nengo. No céu, o perfil do velho avião da II Guerra Mundial, Nordatlas(1973) |
E, como recordar é viver,
aqui vai mais uma imagem, captada no ano de 73, na Colina do Nengo, vendo-se em
primeiro plano, o acampamento de barracas cónicas, à esquerda, o
alojamento de oficiais e à direita, o parque de estacionamento das oficinas de mecânica Auto. No segundo plano a
“chana”ou “anhara” do Nengo e em terceiro plano, a mata arbustiva típica das
regiões semi-desérticas de Angola. Ao longo do extremo direito, até ao
horizonte distante, verifica-se o alinhamento da estrada em construção para Ninda e extremo
sueste de Angola(Luiana). Em sobrevoo. na imagem destaca-se no céu, o perfil do
célebre avião, Nordatlas, que nos servia de meio de reabastecimentos,
transporte de pessoal e correio. Enquanto permanecíamos em Angola, trabalhávamos quando era necessário, muitas vezes
fazendo serões durante a noite uma vez que durante o dia era tanto o calor que
nem nos podíamos mexer, conforme a estação que se atravessava e então era
aproveitado o “fresco” da noite para se trabalhar mais comodamente. Quando assim sucedia,
descansávamos de dia, para compensar as noites perdidas. A imagem que anexo,
confirma o que acabo de dizer.
Como se pode ver, aqui estou eu deitado na minha cama em
pleno dia , no meu quarto que compartilhava inicialmente com o 1º.Sarg.Meira Torres e,
depois que ele saiu da Companhia, foi para lá um Furriel Milº. de quem, para dizer a verdade, após decorridos
tantos anos, já me não lembra o nome. A esse furriel, peço que me desculpe
por já me não recordar de quem ele foi!...Esta imagem foi captada
em 73 ou 74, no aquartelamento do Nengo. Em seguida, prosseguindo em evocações,
anexo outra foto.
T6 da FAP, sobrevoando o Aquartelamento do Nengo, em 1973 |
É uma imagem captada
no Aquartelamento do Nengo vendo-se, em primeiro plano, uma série de militares, de costas e que, por essa razão, são
completamente inidentificáveis. No segundo plano, está uma viatura Berliet
em descarga à porta do Depósito de Géneros, que estava situado no edifício tipo “bidonville”, em
terceiro plano. No ar, sobrevoando o acampamento e agitando as asas em saudação
ao pessoal em terra, dois aviões T6 da FAP, cuja base era no aeródromo de Gago Coutinho, anexa ao aquartelamento do
BArt 6320, que rendeu o BCav 3862,”Cavalo Branco”, no Comando do Subsector.
Este pessoal da FAP tinha uma ligação muito forte com pessoal da CArt 3514, por
razões que não interessam aqui referir e, sempre que tinham oportunidade,
sobrevoavam o nosso aquartelamento, saudando o pessoal, como disse acima, com a
típica agitação das asas. Este “post” já atingiu o tamanho a que me tinha proposto
e, assim sendo, vou encerrá-lo, enviando cordiais saudações para todos os
elementos da CArt 3514 e familiares, da CArt785/BArt 786 e da CArt 2396/BArt
2849 e ainda para todos os eventuais vistantes deste Blogue, onde quer que se
encontrem. Para todos um até breve com um abraço do Camarada e Amigo,
Octávio Botelho