Sem querer meter-me em matéria de ciências naturais, meteu-se-me na cabeça dar uma ideia da bicharada existente em Cabinda que era e é, de facto, muito variada e exótica para todos os europeus e com a qual, só naquele tempo, estavam a tomar contactos e conhecimentos práticos, uma vez que, pelo menos, em teoria, já teriam algumas ideias sobre a respectiva existência. Assim, estavam a conhecer em realidade o que tinham aprendido nos manuais escolares.
Fases da formiga-leão: Larvar; larvar, em posição de caça e Insecto perfeito(com asas) |
Assim, vou começar por mostrar a imagem dum curioso insecto, com um nome, também um tanto invulgar e que é nada mais nada menos que o de formiga-leão. O animalzinho não é, na realidade uma formiga e muito menos um leão. Apenas é assim chamado porque, na fase larvar da sua existência, é um predador insaciável de outros insectos, tais como formigas e pequenas borboletas que se aproximam curiosamente das armadilhas que a formiga-leão constrói e que constam de pequenas covas cónicas construídas de areia e em cujo fundo se encontra escondido a caçador e, mal as presas assomam curiosas ele, lá do fundo da sua cova, dispara areia sobre a presa que se atrapalha e escorrega pela rampa da armadilha, onde encontra a morte nas fortes mandíbulas do predador. Há um outro insecto curioso que é muito vulgar em toda a África tropical e também em Cabinda.
Morros de salalé(formiga branca) |
Trata-se da formiga branca ou salalé, que é uma praga para as madeiras, quer estejam na natureza ou incluídas na construção de moradias. Mas enquanto estão na natureza servem-lhes de matéria prima para a construção dos seu ninhos, que são autênticas obras de avançada engenharia, pois têm nas suas estruturas os necessários espaços para ninhos e maternidades, armazéns de provisões, canais de ventilação, sistemas de aquecimento e até plantações de fungos para alimentação e com andares com corredores e câmaras com aplicações diversas. Tudo isto é construído com uma mistura de celulose de madeira e vegetais, saliva e barro e que fica com uma consistência de argila cozida no forno e, portanto, com uma impermeabilidade total à água das chuvas ou das enchurradas. Junto aqui uma imagem desses morros, que são autênticas cidades fortificadas, que chegam a atingir três ou mais metros de altura e são bastante resistentes ao derrube e à destruição. Prosseguindo e puxando à cena uma outra personagem, bastante antipática e indesejada e que é, nada mais, nada menos que a “pulga penetrante”. É designada pelos indígenas como “bitacaia” e “matacanha” pelos europeus. É chamada também por “bicho-de-pé”, nome que lhe dão os brasileiros e diz-se até que esse animalículo é originário do Brasil, de onde foi levado para a África. Aqui junto uma imagem com a efígie desse parasita que tem uma predilecção pelos pés das pessoas que se descuidam e andam descalças em Angola e em toda a África. Para a sua retirada, é necessária uma grande perícia e cuidado para evitar o rebentamento do casulo cheio de ovos, que está sob a pele dos pés originando comichão e que dariam origem a várias infecções se tal acontecesse e os melhores especialistas nessa melindrosa operação são os próprios nativos.
Pulga penetrante(Matacanha, bitacaia ou bicho-de-pé) |
São eles os únicos a fazê-lo com garantia total da completa excisão do parasita “matacanha” e respectivo casulo. Não falo aqui dos papagaios cinzentos, nem do miruim e nem dos gorilas pois já aqui fiz referência a esses três habitantes de Cabinda e que são considerados como que o símbolo daquela região tropical africana. Estou a atingir o limite para este “post” e, por isso, vou encerrá-lo enviando cordiais saudações a todos os elementos da CArt 2396/BArt 2849, CArt 785/BArt 786 e CArt 3514, assim como a todos os que se derem ao trabalho de me ler e aos eventuais visitantes deste Blogue. Para todos, um até breve e um abraço do Camarada e Amigo,
Botelho