Todas as pessoas que calcorrearam as terras tropicais sabem que é verdade o que vou afirmar: Estas terras são um manancial inesgotável de seres completamente estranhos e exóticos que, na verdade nos espantam pelas suas peculiaridades e que, muitas vezes, nem sonhávamos que existissem. E tanto assim é que sou levado a relatar um facto bastante estranho, ocorrido comigo, durante a minha permanência em Cabinda. Como é de todos sabido, andar calçado naquelas terras é uma precaução bastante segura para se evitarem surpresas desagradáveis, mas, na verdade, o clima desses lugares não nos obriga a ter aqueles cuidados e somos levados, naturalmente, a andar com os pés à fresca, calçados com “sabrinas”, sujeitando-nos, assim a muitos contratempos e surpresas desagradáveis. Assim sucedeu que, numa noite em que me encontrava a trabalhar na Secretaria da Companhia, calçado com “sabrinas”(trabalhar de dia era insuportável devido ao calor), senti uma súbita e forte comichão no meu pé direito e comecei a coçar-me e, quanto mais me coçava, mais comichão sentia, chegando a tal ponto que, com curiosidade, fui ver o que estava a acontecer, tirei os pés de sob a secretária e olhei para eles. Fiquei espantado, pois o local em que sentia incómodo tinha uma enorme bolha de água como se fosse de uma escaldadela com água a ferver.
Lagarta peluda urticante |
Fui ao Posto de Socorros e lá me puseram uma pomada qualquer que me acalmou o incómodo que sentia e disseram-me que voltasse lá pela manhã, para verem o resultado. Mal lá entrei, estava lá um nativo que era estagiário em socorrismo e perguntou-me o que se passara. Contei-lhe e responde-me ele: " Isso foi feito por uma lagarta peluda!... Vai fazer tratamento, mas vai demorar muito tempo a cicatrizar, se a pele cair". A pele caiu, pois as roupas da cama arrancaram o penso e a pele. A ferida, apesar de tratada diariamente, levou uns quatro meses a sarar!... O animalejo responsável não foi o que a imagem representa, mas um semelhante e da mesma família, talvez um primo, quem sabe?!...
Hiena |
Um outro estranho animal, que embora pareça um canídeo, não é tal, pois é uma mistura de felídeo e viverrídeo. É essencialmente necrófago e só ataca animais fracos e em vias de morrer. Ainda assim é muito prudente, pois costuma pôr-se em posição erecta antes do ataque e, se a vítima for mais alta do que ela, desiste do seu intento e põe-se “a milhas”. Tem um aspecto antipático, mas é como Deus o criou e é muito útil a sua função na Natureza e merece ser protegido para se evitar a sua extinção.
Quartel do BCaç.11"Gorilas do Maiombe", Cabinda - 1969(a) |
Em seguida vou colocar uma imagem que evoca um Quartel da Guarnição de Cabinda, que era considerado um modelo em tal tipo de Estabelecimentos e, apenas pelo seu exterior poderá fazer-se uma ideia do que seria interiormente: Instalações impecáveis em Cozinhas, Refeitórios, Messes, Cantinas, camaratas, etc., etc. Outro tanto em Secretarias, arrecadações e outros Anexos próprios destas casas. A sua medida em profundidade era superior à medida frontal e as dependências eram iluminadas por amplas janelas rasgadas e a sua planta era perfeitamente rectangular e com torres de vigilância nos seus quatro cantos. Era designado pelo nome de BCaç. Nº. 13"Gorilas do Maiombe" e, como disse acima, justamente considerado como uma instalação militar modelo.
Vista parcial das instalações da CC de Cabinda |
Para concluir, vou anexar uma última imagem parcial das instalações da CC de Cabinda, onde se procedia ao desbaste, serração e secagem em estufas de madeiras extraídas da floresta do Maiombe. Nesta foto distingue-se, na parte central, o rio Chiloango, com uns vinte a vinte e cinco metros de largura, fronteira natural entre o território de Cabinda e a RD do Congo. A floresta em último plano é terra congolesa limtada pelo rio acima citado. Termino este "post" enviando cordiais saudações aos elementos da CArt2396, CArt785 e CArt3514 e seus familiares e bem assim a todos os eventuais visitantes deste Blogue, onde quer que se encontrem. Um até breve para todos com um abraço do Camarada e Amigo,
Botelho
(a) Nota do Autor: Esta legenda é que está correcta.
Botelho
(a) Nota do Autor: Esta legenda é que está correcta.