Nesta época e neste mês em especial e há cerca de 40 anos, continuava a CArt 3514 com o seu comando sedeado em Gago Coutinho e, como já referi em “post” anterior, a vida era como de costume, bastante rotineira, limitando-se a nossa missão aos serviços burocrático-administrativos, que surgiam por fases, sucedendo que tínhamos, no nosso trabalho, ora épocas “em cheio” , alternadas com épocas “de vazio” e, nesses períodos de pouco que fazer, tentávamos, dentro de possível passá-los da melhor maneira e dentro das possibilidades. Na minha equipa de trabalhos tinha excelentes colaboradores, sendo que o primeiro entre todos era, sem sombra de dúvidas, o meu eficiente e desembaraçado Cabo Escriturário António Carrusca e sempre que havia um intervalo de tempo livre, lá dávamos uma saltada a casa dos nossos vizinhos da FAP, para uma visita ao Bar deles, para se emborcarem umas cervejas, mas sem se abusar, pois que muitas vezes, depois dessas libações, tínhamos que prosseguir o trabalho no qual se tinha feito uma pausa para descontrair. Também não quero esquecer que o Cabo Socorrista Elísio Soares, também dava uma preciosa ajuda nos trabalhos de dactilografia quando este serviço apertava e, até eu, se necessário e não houvesse outra ajuda alinhava em trabalho de dactilógrafo, não me tendo, por isso, caído dos ombros os distintivos hierárquicos.
Botelho,o autor,"barman" da FAP e Cabo Escritº.Carrusca, em Gago Coutinho em 1972 |
Para ilustrar um desses intervalos realizados no Bar da FAP, junto, a seguir uma imagem elucidativa, captada no citado local, e nela figuro eu, o “barman”, militar da FAP e o que era, ao tempo, o meu eficiente Escriturário. É uma imagem que acentua de forma flagrante a diferença abismal que existe nas nossas aparências físicas daquele tempo para as da época actual, mas a verdade é que esse facto é decorrente de um processo irrevogavelmente natural e estamos sempre bem, seja em que tempo e modo for. E assim, decorria a nossa vida sendo passada da melhor maneira possível, aproveitando-se as oportunidades para distrairmo-nos da pasmaceira em que se vivia,implantados no meio de nenhures, não deixando para trás qualquer possibilidade de fazer por esquecer a nossa situação de prisioneiros em liberdade, pois para mim era esta a melhor definição da situação a que estávamos todos, sem excepção, sujeitos.
A seguir, adiciono uma outra imagem, esta tirada um pouco antes da anterior, pois recordo-me que foi tirada quando estávamos em Luanguinga e que suponho, deva ter um significado especial para primeiro figurante da esquerda, cuja apresentação faz lembrar a de um célebre careca, actor de cinema, que se chamava Yul Breynner , mas que, se não estou enganado foi originada na “carecada” que lhe foi dada pelo Comandante ou 2º.Comandante do BCAv 3862 “Cavalo Branco”.A imagem deve ter sido captada em 1972, no único Bar-Restaurante existente na vila, cujo proprietário se chamava Castro e que era vulgarmente conhecido como “O Mete Lenha”. Figuram na imagem, para além do Fur.Carvalho, um condutor, o Cabo Freitas “Padeiro”, outros dois condutores, o Fur.Arlindo Sousa, os Soldados Castro e Caetano. Ao centro e por de trás, estou eu.
Cabo Socorrista Elísio Soares, junto à Igreja da Missão de São Bonifácio, em Gago Coutinho em 1972/73 |
A seguir, incluo uma imagem do Cabo Socorrista Elísio Soares que, como referi há pouco, foi um empenhado auxiliar nos serviços de dactilografia da Secretaria, sempre que o serviço apertava e se encontrasse na sede. Sempre animado de vontade de ajudar, foi o Cabo Elísio Soares, um prestimoso auxiliar em serviços de secretariado que, embora não sendo da sua especialidade, desempenhou de forma impecável competente e conscienciosa. Embora tardiamente, aqui estou para agradecer-lhe a prestimosa colaboração que dedicou a um trabalho extra e que não era de sua obrigação fazer. A foto inserida, mostra o Cabo Socorrista Soares, numa pose que revela a sua faceta de pessoa voluntariosa e ciente de que sabe o que quer e para onde ir.O local, é a Igreja da Missão de São Bonifácio, à data de 1972/73, de que hoje apenas existem ruínas provocadas por um derrotado Movimento de Libertação que achou que o edifício sagrado podia ser utilizado contra eles como instalação “defensiva” ou“ofensiva” militar. Na minha opinião, uma opção errada, mas este é um caso que “aqui” e “agora”, não é de debater. Este”post” já atingiu a extensão que lhe tinha fixado e, por isso, vou encerrá-lo, enviando cordiais saudações a todos os elementos da ex-CArt 3514 e familiares, da CArt 785/BArt 786 e da CArt 2396/BArt 2849, assim como para todos os visitantes deste Blogue, onde quer que estejam e se dêm à paciência de me ler. Para todos um até breve, com um abraço do Camarada e Amigo,
Octávio Botelho